Do gênero Hypostomus, o cascudo têm preferência por rios e riachos com fundo de pedra e corredeiras, e alimenta-se de algas, invertebrados e sedimentos que crescem ou se depositam sobre elas.
A maior abundância e riqueza dos cascudos encontrados foi na calha do rio Uberabinha a jusante da PCH Malagone. Essa área apresenta exatamente as características necessárias, com leito de pedras, corredeiras e mata ciliar preservada. A poluição lançada no rio Uberabinha pela cidade de Uberlândia aparentemente é depurada durante seu percurso até a foz no rio Araguari, liberando uma grande quantidade de matéria orgânica que está sendo aproveitada por algas, que crescem em abundância, dando a coloração verde ao rio. Possivelmente é essa abundância de algas que sustenta a riqueza e diversidade de cascudos no trecho final do rio.
“Mesmo com os problemas de poluição, é o único trecho de água corrente livre em toda a bacia do rio Araguari que ainda tem conexão com o rio Paranaíba. Para esse trecho está prevista a construção da PCH Machado, o que certamente irá causar impactos irreversíveis para os peixes que o utilizam."
Para a parte baixa, a maioria das espécies são de grande porte, coletadas na calha do rio Uberabinha. As espécies que podemos citar como mais importantes têm seu registro baseado em dados secundários. Já foram capturadas espécies migradoras, como a curimba P. lineatus, os piaus L. obtusidense e L. macrocephalus, além do pintado P. corruscans. Essa última pode ser considerada uma espécie rara para essa região.
É provável que essas espécies não sejam residentes do rio Uberabinha, mas estejam utilizando esse rio para complementar seu ciclo de vida. O rio Uberabinha deságua no rio Araguari já no remanso da UHE Itumbiara, cerca de 15 km a jusante da barragem da UHE Amador Aguiar II (= UHE Capim Branco II). Dessa forma, as espécies migradoras podem entrar no rio Uberabinha buscando rotas alternativas para uma migração reprodutiva, ou como locais de alimentação e desenvolvimento durante parte do seu ciclo de vida.
Esses resultados sugerem que o trecho de 15 km entre a foz do rio Uberabinha e a PCH Malagone é importante para os peixes da região, pois mesmo com os problemas de poluição, é o único trecho de água corrente livre em toda a bacia do rio Araguari que ainda tem conexão com o rio Paranaíba. Para esse trecho está prevista a construção da PCH Machado, o que certamente irá causar impactos irreversíveis para os peixe que utilizam esse trecho.
A construção de mais duas PCHs na calha do rio Uberabinha, a PCH Machado, próximo à foz do rio das Pedras, a jusante da PCH Malagone, e a PCH Cachoeira no Miné, entre as PCH Martins Dias e Malagone, previstas em estudos pela Anell, certamente irá reduzir a capacidade de autodepuração do rio, impactado pelo esgoto advindo de Uberlândia. Além disso, espécies reofílicas, típicas de ambientes de correnteza, seriam irreversivelmente afetadas pela construção dessas duas PCHs.
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