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Foto do escritorBetania Cortes

Uberabinha, ocupação intensa da nascente à foz

Atualizado: 27 de mai. de 2018

Uma breve história do rio que corta a cidade de Uberlândia


Expedição Uberabinha em trecho urbano do rio. G. Pascoli


A bacia hidrográfica do rio Uberabinha insere-se na mesorregião Geográfica do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, no oeste do estado de Minas Gerais, abrangendo áreas dos municípios de Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara. A nascente principal do rio Uberabinha localiza-se no município de Uberaba, a uma altitude aproximada de 995 metros, e sua foz na divisa dos municípios de Uberlândia e Tupaciguara, a uma altitude de 510 metros, desemboca no rio Araguari.


“A qualidade das águas superficiais na bacia do rio Uberabinha tem se deteriorado ao longo do tempo, especialmente em consequência da poluição in natura dos corpos hídricos, a partir do tratamento ineficaz do esgoto de Uberlândia.”

Até 1960, a pastagem extensiva era considerada a única atividade apropriada para ocupar terras na chapada do rio Uberabinha, situada no setor alto da Bacia. Na década de 70, em razão dos subsídios financeiros facultados pelas políticas governamentais, grandes áreas de recarga hídrica, cobertas por vegetação natural, foram desmatadas para a implantação de atividades de silvicultura e de agricultura, a exemplo das culturas de arroz, trigo, milho e soja.


O alto curso do rio Uberabinha constitui-se como o principal manancial de água para abastecimento público do município de Uberlândia, contribuindo, ainda, com diversas de atividades agropecuárias e industriais que se desenvolvem nas vertentes da bacia. Essa dinâmica de uso dos recursos naturais que gera impactos negativos nas áreas úmidas, nos solos hidromórficos e na quantidade e qualidade da água, é o cenário propício ao conflito dos usos múltiplos dos recursos hídricos.


No médio curso, que coincide com a área urbana do município de Uberlândia, os impactos se devem à criação de ambientes artificiais, como o aterramento de nascentes, impermeabilização do solo e canalização de córregos, ocasionando o aumento de desastres provocados por chuvas torrenciais que já resultaram em mortes humanas e frequentemente acarretam danos materiais. Ainda no médio curso, é histórica a força da especulação imobiliária, fator de pressão sobre fragmentos de Cerrado, atualmente pouco representativos na área urbana do município.


O baixo curso é caracterizado por intensa degradação ambiental, em consequência da atividade agropecuária e de empreendimentos hidrelétricos que impactaram remanescentes florestais e reduziram de forma significativa a biodiversidade aquática. Nesse trecho o rio ainda sofre com a poluição, principalmente advinda do lançamento de esgoto por parte da Estação de Tratamento Uberabinha.


É também no baixo curso, o "Vale do rio Uberabinha”, próximo à foz do rio, que estão os fragmentos florestais mais representativos da bacia. A área considerada prioritária para conservação da biodiversidade é denominada "Matas de Itumbiara". Para essa região está projetadaa PCH Machado e, caso esta, venha a ser instalada, a mudança do ambiente lótico para lêntico, onde provavelmente as espécies migradoras complementam seu ciclo de vida, causará impactos irreversíveis às comunidades aquáticas.


A qualidade das águas superficiais na bacia do rio Uberabinha tem se deteriorado ao longo do tempo, especialmente em consequência da poluição in natura dos corpos hídricos, a partir do tratamento ineficaz do esgoto de Uberlândia. Foi constatado, ainda, nos últimos anos, pelo Instituto Mineiro das Águas (IGAM), a poluição difusa, resultante especialmente de atividades agrícolas que fazem uso intensivo de fertilizantes e pesticidas.


O uso desordenado do solo reduziu a vegetação original a cerca de 22,5%, colocando em risco locais estratégicos para a conservação da biodiversidade, além de áreas de recarga, fundamentais para o abastecimento público do município de Uberlândia.


Em relação à proteção da fauna e flora, a bacia do Uberabinha apresenta três áreas prioritárias para conservação da biodiversidade pelo governo de Minas Gerais, denominadas “Veredas de Uberaba”; “Fazenda Tatu”, e “Matas de Itumbiara”. Para as três áreas foram sugeridas ações conservacionistas de curtíssimo prazo, entre elas, a investigação científica e a criação de Unidades de Conservação. Na bacia, ocorre apenas uma UC, na categoria de Reserva Particular do Patrimônio Natural, denominada RPPN Cachoeira da Sucupira, localizada na área da cachoeira de mesmo nome, no município de Uberlândia.

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