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Foto do escritorBetania Cortes

O Rio Tijuco e os peixes migratórios ameaçados

Atualizado: 27 de mai. de 2018


A bacia do rio Tijuco compreende partes dos municípios de Uberlândia, Uberaba, Veríssimo, Ituiutaba, Campo Florido, Prata, Monte Alegre de Minas, Campina Verde, Gurinhatã, Ipiaçu, Canapólis, Santa Vitória e Capinopólis. Possui área aproximada de 14.401,34 Km², incluindo a bacia do rio da Prata, e extensão longitudinal de 312,14Km, das nascentes à foz.


“A nascente principal do rio Tijuco está no município de Uberaba, na altitude de 950 m, onde ainda é nomeado como ribeirão Tijuco.”

Os principais afluentes do rio Tijuco são o ribeirão Douradinho e Rio da Babilônia, ambos na margem direita, e o rio da Prata, na margem esquerda sob a influência do reservatório de São Simão.


No Atlas de Áreas prioritárias para Conservação no Estado de Minas Gerais inserem-se quatro áreas da bacia do Tijuco, classificadas como de importância biológica extrema (remanescentes lóticos do Rio Paranaíba e Veredas de Uberaba), importância biológica muito alta (Reserva do Panga) e importância biológica alta (Reservatório de Salto e Ponte). Ao longo do seu curso, o ribeirão Tijuco encontra os córregos Sucuri, Capão Rico e, após a confluência com o ribeirão Água Limpa, ganha o nome de rio Tijuco. Sua foz está localizada no rio Paranaíba, a uma altitude de 430 m, no município de Ituiutaba.

Para todas, são sugeridas ações conservacionistas de curtíssimo prazo, entre elas a criação de Unidades de Conservação, investigação científica, manejo e promoção de conectividade entre áreas.


Atualmente há três UHEs em operação na bacia do Rio Tijuco, duas Centrais Geradoras Hidrelétricas (Poções e Barro Preto) e a PCH Salto de Morais. O Inventário Hidrelétrico do rio Tijuco foi aprovado a partir da publicação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) do Despacho 950, de 11 de maio de 2006, no qual foi identificado “um potencial total de 170,8 MW, distribuídos em 13 aproveitamentos”.


De acordo com a Avaliação Ambiental Estratégica – Programa de Geração Hidrelétrica em Minas Gerais (2007), o rio Tijuco encontra-se numa situação crítica em relação à depreciação da ictiofauna nativa. Boa parte dessa depreciação deve-se ao planejamento de construção de 13 Pequenas Centrais Hidrelétricas.


Conservação

Segundo a AAE, o Tijuco é considerado um rio de quarta ordem, pertencente a uma área de importância extrema para a conservação de peixes: os “Remanescentes Lóticos do Rio Paranaíba” (Atlas de Áreas Prioritárias). Além disso, ele possui representativo número de espécies migradoras de peixes e apresenta ainda áreas sujeitas a inundação (potenciais berçários para peixes), todos fatores que contribuem para uma alta susceptibilidade a impactos por represamento.


Em 2011, foi criado por meio do decreto 45.568 pela secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, o Refúgio de Vida Silvestre (REVS) dos rios Tijuco e da Prata, abrangendo os municípios de Ituiutaba, Campina Verde, Prata, Gurinhatã e Ipiaçu, com área de 9.804,35 hectares.


A principal justificativa para criação dessa Unidade de Conservação é a importância estratégica do rios Tijuco e da Prata para a conservação da ictiofauna, em virtude da ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, migradoras e de sobre-exploração na pesca, caso da piracanjuba (Brycon orbignyanus), da pirapitinga (Brycon nattereri) e do jaú (Zungaro jahu).


Os rios Tijuco e da Prata são os últimos remanescentes lóticos em toda a bacia hidrográfica do Triângulo Mineiro, com capacidade reprodutiva, tanto para espécies de pequeno, médio e grande porte, como de jaús e pintados.


A constituição da UC impediu a implementação de 5 empreendimentos hidrelétricos, embora ainda exista a possibilidade de implantação de 7 empreendimentos, conforme inventário hidrelétrico na ANEEL, com destaque para as PCHs Cutia Alto e Cruz Velha, que atualmente estão em processo de licenciamento e possuem Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica emitido pelo IGAM. A constituição dessas duas PCHs, a montante do REVS, poderá impactar as comunidades aquáticas em virtude das alterações hidrológicas promovidas pelas PCHs.

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